Público - 28 Dez 03

Vão Ser Construídas Mais Três Casas para Familiares de Crianças Doentes
Por C.G.

Desde que Maria soube que o Tiago tinha leucemia os dois tiveram de viajar para Lisboa, vindos de São Miguel (Açores). Ficaram no lar do Instituto Português de Oncologia, em Lisboa. Aí conviviam diariamente com um ambiente que os deprimia: "Adultos com tubos no nariz, refeições servidas por uma empregada à hora certa, como uma esmola."

Ainda antes de abrir, falaram-lhe numa casa para familiares de crianças doentes. "Vai é ter que ser você a fazer a comida e a limpar", avisaram-na. Maria não percebia bem como é que esse aspecto era apresentado com um contra: "Era o que eu mais queria." A somar à residência da Acreditar, em Lisboa, vão ser construídas mais três casas para albergar familiares de crianças obrigados a deslocar-se da sua residência para tratamentos hospitalares prolongados.

A casa da Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro abriu portas em Lisboa no mês de Abril. Foi buscar inspiração às casas da Fundação Mcdonald, que vai abrir uma casa em Portugal pela primeira vez, junto ao hospital pediátrico Dona Estefânia - o terreno foi cedido pela câmara mas ainda não começou a ser construído.

As casas Mcdonald pretendem "criar uma casa longe de casa". A ideia é que os familiares tenham quartos individuais, cozinha e serviço de lavandaria, um sítio onde pessoas com problemas semelhantes se apoiam mutuamente. A primeira nasceu em 1974 em Filadélfia, nos Estados Unidos. Existem mais de 230 em todo o mundo.

A Acreditar tem também planeada a abertura de mais duas casas, uma junto ao hospital pediátrico de Coimbra e outra no Porto, afirma a sua presidente, Margarida Cruz. Tal como na casa da Acreditar de Lisboa existirá uma sala de estar para os adolescentes, uma sala para as crianças e uma sala para os pais. A casa funciona com base em donativos. Os quartos têm duas camas, que se podem transformar em mais caso cheguem mais membros da família. Na cozinha há três bancadas e quatro fogões.

"A gente é que faz as compras e a comida", elogia Conceição, que acompanha a filha quando esta tem de ser internada em Lisboa para fazer quimioterapia. Assim, diz ela, pode cozinhar à Liliana aquilo que mais lhe agrada, dependendo de como corre cada fase do tratamento. Muito longe da vida que levavam na pensão.

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