Correio da Manhã - 19 Dez 03
Natal das Famílias

ALEGRIA À MESA COM 11 FILHOS

Treze não é o número do azar para a família Gala. No Natal, aliás, é o número perfeito, tal e qual como na Ceia de Cristo, ilustrada numa salva exposta na sala do apartamento desta família.

Tiago Sousa Dias
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Mas não é na Quinta do Pinheiro, perto de Odivelas, que José Luís, Ana Isabel e os onze filhos passam o Natal. Viajam até Troviscal, Oliveira do Bairro, onde vive a família de José Luís e onde a casa, mais espaçosa e com jardim, permite aos petizes extravasar a excitação natural da época.

Ao todo, seis rapazes e cinco raparigas são a “alegria” que retratam da época natalícia, como afirma José Luís Vaz e Gala, patrono da família. Zé (16 anos), João (completa 15 no dia 28), Ana (13), Teresa (12), Pedro (11), Paula (9), Acílio (8, que herdou o nome do avô paterno, autarca de Oliveira do Bairro), Luís (7), Maria (4), Isabel (3) e Francisco (20 meses) são os petizes que têm, sem excepção, Maria como segundo nome, herdado da avó materna.

O facto de haver onze filhos em casa permite à família Gala soltar a imaginação no Natal. Desde a interpretação de pequenas peças de teatro relacionadas com o Natal aos cânticos de músicas alusivas à época, procura-se explorar ao máximo o espírito natalício, que cedo entra em casa dos Gala. “Começa com as festas nas escolas, nos colégios e depois chega à família, refere Ana Isabel. Este ano, as miúdas fizeram potes com doces, a partir das embalagens de iogurte, para oferecer aos adultos na noite de Natal.

Os colégios que algumas das crianças frequentam aproveitaram para ajudar as crianças mais necessitadas. “Todos os dias levavam comida ou roupa, para distribuir pelos mais necessitados”, explica José Luís. Assim, diz, “experimentam a generosidade em relação a outras crianças”.

Os miúdos, esses, andam completamente excitados. Francisco, o mais novo, não pára de um lado para o outro. “É difícil implementar a tradição de irem para a cama e apenas abrirem as prendas na manhã seguinte”, diz Ana Isabel. Paula Maria, de nove anos, sugere: “podias pôr as prendas enquanto dormimos”. Garantidos estão os sapatinhos para os mais novos, com os respectivos presentes.

As prendas acabam por ser a parte final do Natal. Ao contrário dos outros anos, Ana Isabel, médica, decidiu ficar alguns meses em casa, o que permite preparar melhor os festejos. “Não andamos tão atarefados com as compras das prendas”, explica José Luís. Há alguns anos, havia muitos presentes. Mas com o aumentar da família, “pedimos para não oferecerem tantas prendas, para podermos também viver melhor o espírito de Natal”, realça Ana Isabel. Os pais sempre tentam estabelecer alguma ordem na altura de abrir os presentes. Mas não é fácil. “É uma grande confusão de forma organizada”, graceja José Luís.

À mesa estará o tradicional bacalhau – em doses quase industriais – e para os mais pequenos, peixe cozido. Nozes, figos e filhoses – a especialidade da mãe de José Luís – completarão a habitual ementa do Natal.

A ida à missa no dia 25 é uma tradição “de quem tem fé” e que a família Gala faz questão de respeitar. Dos onze filhos, apenas os que têm a comunhão feita -os sete mais velhos- é que vão comungar. José Luís tem pena que na paróquia onde reside a família não haja tradição de realização da missa do Galo. Numa casa em que a palavra sacrifício é ‘proibida’, o Pai Natal não vai distribuir muitos presentes. Ter onze filhos é uma opção assumida com alegria mas que dá muita despesa – e é no Natal que mais se nota.

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