Tiago Sousa Dias |
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Mas não
é na Quinta do Pinheiro, perto de Odivelas, que José Luís, Ana Isabel
e os onze filhos passam o Natal. Viajam até Troviscal, Oliveira do
Bairro, onde vive a família de José Luís e onde a casa, mais espaçosa
e com jardim, permite aos petizes extravasar a excitação natural da
época.
Ao todo, seis rapazes e cinco raparigas são a “alegria” que retratam
da época natalícia, como afirma José Luís Vaz e Gala, patrono da
família. Zé (16 anos), João (completa 15 no dia 28), Ana (13), Teresa
(12), Pedro (11), Paula (9), Acílio (8, que herdou o nome do avô
paterno, autarca de Oliveira do Bairro), Luís (7), Maria (4), Isabel
(3) e Francisco (20 meses) são os petizes que têm, sem excepção, Maria
como segundo nome, herdado da avó materna.
O facto de haver onze filhos em casa permite à família Gala soltar a
imaginação no Natal. Desde a interpretação de pequenas peças de teatro
relacionadas com o Natal aos cânticos de músicas alusivas à época,
procura-se explorar ao máximo o espírito natalício, que cedo entra em
casa dos Gala. “Começa com as festas nas escolas, nos colégios e
depois chega à família, refere Ana Isabel. Este ano, as miúdas fizeram
potes com doces, a partir das embalagens de iogurte, para oferecer aos
adultos na noite de Natal.
Os colégios que algumas das crianças frequentam aproveitaram para
ajudar as crianças mais necessitadas. “Todos os dias levavam comida ou
roupa, para distribuir pelos mais necessitados”, explica José Luís.
Assim, diz, “experimentam a generosidade em relação a outras
crianças”.
Os miúdos, esses, andam completamente excitados. Francisco, o mais
novo, não pára de um lado para o outro. “É difícil implementar a
tradição de irem para a cama e apenas abrirem as prendas na manhã
seguinte”, diz Ana Isabel. Paula Maria, de nove anos, sugere: “podias
pôr as prendas enquanto dormimos”. Garantidos estão os sapatinhos para
os mais novos, com os respectivos presentes.
As prendas acabam por ser a parte final do Natal. Ao contrário dos
outros anos, Ana Isabel, médica, decidiu ficar alguns meses em casa, o
que permite preparar melhor os festejos. “Não andamos tão atarefados
com as compras das prendas”, explica José Luís. Há alguns anos, havia
muitos presentes. Mas com o aumentar da família, “pedimos para não
oferecerem tantas prendas, para podermos também viver melhor o
espírito de Natal”, realça Ana Isabel. Os pais sempre tentam
estabelecer alguma ordem na altura de abrir os presentes. Mas não é
fácil. “É uma grande confusão de forma organizada”, graceja José Luís.
À mesa estará o tradicional bacalhau – em doses quase industriais – e
para os mais pequenos, peixe cozido. Nozes, figos e filhoses – a
especialidade da mãe de José Luís – completarão a habitual ementa do
Natal.
A ida à missa no dia 25 é uma tradição “de quem tem fé” e que a
família Gala faz questão de respeitar. Dos onze filhos, apenas os que
têm a comunhão feita -os sete mais velhos- é que vão comungar. José
Luís tem pena que na paróquia onde reside a família não haja tradição
de realização da missa do Galo. Numa casa em que a palavra sacrifício
é ‘proibida’, o Pai Natal não vai distribuir muitos presentes. Ter
onze filhos é uma opção assumida com alegria mas que dá muita despesa
– e é no Natal que mais se nota. |