Infovitae - 17 Dez 03

A Morte Cerebral  e o Início da Vida Humana

Uma vez que se verifica que a morte cerebral se identifica com a morte ‘tout court’  alguns perguntam-se: se o fim do cérebro é o fim do homem porque é que o início do cérebro não seria o seu início? Para responder a esta questão não basta apelar para o “princípio de potencialidade” notando que ninguém sepultaria um morto se soubesse que, passado algum tempo, ele voltaria a viver, mover-se, crescer, ter relações: o feto tem um porvir, enquanto o morto cerebral não tem futuro. É preciso acrescentar que o cérebro não se identifica com a vida. Ele é o órgão unificador do organismo. O seu fim determina a dissolução do corpo. O indivíduo não é a junção de partes diversas, mas a sua interacção unitária. É o princípio unitário que faz o indivíduo. Tal princípio unitário interior está presente no feto e, como o cérebro no adulto, determina autonomamente o seu desenvolvimento. No cadáver algumas partes do corpo, como os cabelos e as unhas, permanecem vivas por algum tempo, tanto que continuam a crescer. Mas já não existe o homem como organismo unitário. No feto o cérebro está em desenvolvimento, mas existe igualmente um princípio unificador e programador. O fim do cérebro determina a impossibilidade de um futuro; no feto, pelo contrário, tudo concorre de modo maravilhoso e ordenado para um desenvolvimento em acto e futuro.

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