Público - 11 Dez 03
Canal A Dois Já Tem Quatro Dezenas de Parceiros
Por MARIA LOPES
Das 45 entidades que no final de Setembro passado foram apresentadas pela
RTP como futuros participantes no canal A Dois apenas 26 assinaram ontem o
protocolo de parceria com a estação pública. A estas juntaram-se
entretanto mais uma dúzia de entidades que não estavam na primeira lista,
como as universidades Autónoma e Independente, as ordens dos Médicos e dos
Médicos Dentistas, e o Instituto de Apoio à Criança, entre outras.
Apesar do sucesso do projecto, como realçaram tanto o presidente da RTP,
Almerindo Marques, como o ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento,
de fora da A Dois continuam, por enquanto, parceiros de peso como os
ministério da Cultura, a Universidade de Aveiro, as fundações do Centro
Cultural de Belém e Oriente, e o Canal Parlamento por estarem ainda a
negociar os termos da colaboração e do protocolo.
Outros, como o ministério da Educação, o ICAM - Instituto do Cinema,
Audiovisual e Multimédia, as universidades Católica Portuguesa e da Beira
Interior, a Federação Portuguesa de Futebol, e até mesmo a RDP, pura e
simplesmente desapareceram da lista ontem divulgada por ocasião da
cerimónia pública de assinatura dos documentos. Este foi o penúltimo acto
do processo de criação da A Dois - lançado a 17 de Dezembro do ano
passado, aquando da apresentação das Novas Opções para o Audiovisual -,
que começará a emitir a 5 de Janeiro próximo.
A RTP assinou com cada uma das 39 entidades um protocolo específico, tanto
porque as áreas de actuação são diferentes de uns parceiros para os
outros, como porque a participação das entidades civis no projecto pode
revestir formas diferentes, desde o financiamento ou patrocínio até ao
fornecimento de programas, passando pela cedência de meios ou direitos e
apoio técnico ou científico.
De acordo com o texto do protocolo-tipo divulgado pela RTP, a produção dos
conteúdos será feita "por produtor independente, utilizando meios
próprios, de terceiros, ou subcontratados" à televisão pública, ou seja, à
RTP Meios. Além disso, tanto a escolha dos temas como o orçamento e a
selecção do produtor independente será feita por comum acordo, mas caberá
à RTP a gestão da produção e a edição final dos programas.
Tais condicionamentos irão exigir uma "grande e mútua compreensão entre a
RTP e os parceiros", avisou Almerindo Marques, lembrando que os
pressupostos do projecto requerem "disponibilidade para a mudança" por
parte da sociedade civil.
Morais Sarmento acredita em "TV alternativa"
O ministro - a quem o presidente da RTP chamou de "padrinho espiritual do
projecto" - disse que os parceiros serão os verdadeiros accionistas do
canal já que terão uma participação "em espécie". Afirmou-se satisfeito
com a adesão da chamada sociedade civil, embora considere que "nunca a
representação será completa", e aproveitou para mostrar que o entusiasmo
dos parceiros é "uma boa resposta a muitos velhos do Restelo" que durante
um ano se manifestaram contra o projecto, que teve "um percurso difícil,
polémico e contestado".
Morais Sarmento acredita que a A Dois será "uma televisão alternativa" e
que poderá ter alguma influência no rumo dos conteúdos dos operadores
privados, reduzindo a "deriva" em que estes se encontram. E relembrou que
o canal é "uma experiência pioneira" na história televisiva nacional e
será uma emissão "sem mediação dos conteúdos".
Ontem à tarde, logo a seguir à assinatura dos protocolos, a administração
da RTP e a equipa que coordena o novo canal, dirigida por Manuel Falcão,
teve a sua primeira reunião com os parceiros, já no âmbito do conselho de
acompanhamento, o órgão de apoio e consulta em que tem assento um
representante de cada parceiro da sociedade civil. No encontro, de curta
duração, foi distribuído o plano de actividades, o orçamento e também
cópias do contrato de concessão onde estão consignadas as atribuições e
modo de funcionamento do conselho de acompanhamento.
Em finais de Janeiro haverá uma nova reunião para que os membros do
conselho apresentem a sua análise ao plano de actividades e para eleger o
secretariado permanente (composto por nove membros) e o presidente do
órgão. O canal deverá custar no primeiro ano 30 milhões de euros (dois
deles provenientes dos parceiros), descendo em 2005 para os 28 milhões de
euros. |