Diário de Notícias

Mário Bettencourt Resendes 
 Pensamento positivo

A visita de Rudolph Giuliani a Portugal parece ter insuflado algum ânimo no estado de espírito das classes dirigentes nacionais.

O ex-mayor de Nova Iorque dedicou boa parte da intervenção que fez em Lisboa, a convite do DN e do Diário Digital, a enfatizar a importância do optimismo na capacidade de liderança de um político. «Ninguém segue um homem que passa a vida a dizer que as coisas só vão piorar», referiu Giuliani. E acrescentou o óbvio, embora por vezes esquecido: «Todas as pessoas precisam que se lhes dê alguma esperança.»

Giuliani citou o exemplo de Ronald Reagan, de cujo Governo fez parte, um presidente paradigmático em matéria de «pensamento positivo» e que permanece como uma referência de acção para o mayor que comandou as operações de salvamento em Nova Iorque no dia 11 de Setembro de 2001.

Ancorados nas palavras de Giuliani, ensaiámos uma enumeração de acontecimentos dos últimos dias susceptíveis de serem incluídos num rol de «boas notícias».

Não foi fácil. Deparámos, desde logo, com o pessimismo militante de António Barreto, convicto de que «Portugal pode desaparecer». Valha que, no mesmo dia, o nosso primeiro-ministro, visivelmente bem-disposto com a perspectiva de afastamento da mancha negra das costas portuguesas, interrogava-se sobre a influência do «pensamento positivo» no trajecto da maré poluidora. Se transpusermos a «orientação» para o domínio das Finanças Públicas, talvez a dr.ª Manuela Ferreira Leite possa abrir mais o sorriso...

Mas houve outras coisas boas: baixaram as taxas de juro, prometendo aliviar um pouco as bolsas dos cidadãos endividados _ que, como se sabe, são quase todos; os açorianos e os madeirenses souberam que, em 2003, vão pagar a electricidade mais barata; o Porto já tem metropolitano, etc., etc...

E há ainda o futebol. À hora a que escrevo, prossegue o Sporting-Benfica, mas, seja qual for o resultado, pelo menos os depauperados cofres de Alvalade terão motivos de satisfação _ tal como os felizardos a quem caberá o jackpot do Totoloto.

Querem mais? Voltou, finalmente, o sol, que é, para nós, portugueses, um precioso suplemento de alma.

Inspirados no exemplo de Rudolph Giuliani, ensaiámos uma enumeração de acontecimentos dos últimos dias susceptíveis de serem incluídos num rol de «boas notícias».