Crianças alimentadas ao peito estão mais preparadas
para lidar com problemas, diz estudo
Os bebés que foram amamentados
com leite materno lidam melhor com o stress na sua
vida futura do que os alimentados ao biberão, revela
um estudo de investigadores do Instituto Karolinska
de Estocolmo. A notícia é adiantada pela Agência
Lusa.
Os cientistas estudaram um grupo
de nove milhões de crianças para determinar se
aqueles que foram amamentados eram ou não
emocionalmente mais resistentes, usando como «factor
padrão» de stress a separação ou divórcio dos pais,
considerado pelos especialistas como uma das piores
situações com que a criança se pode confrontar.
O estudo concluiu as crianças que
foram alimentadas ao peito estavam mais preparadas
para lidar com este problema do que as outras,
mostrando ser «significantemente menos ansiosas».
Em caso de divórcio ou separação
dos pais, as crianças amamentadas tinham
probabilidades de serem quase duas vezes mais
ansiosas do que aquelas cujos pais permaneciam
juntos.
No caso das crianças que foram
alimentadas com o biberão, as probabilidades de
serem altamente ansiosas em caso de divórcio dos
pais, em comparação com aquelas cujos pais
permaneciam casados, subia para nove.
Os investigadores estimam que as
crianças alimentadas ao peito sejam 10 por cento
menos «stressadas» do que as não-alimentadas com
leite materno.
Os resultados, publicados no BMJ
Journal - Archives of Disease in Child hood, foram
baseados numa amostra de 9.000 crianças nascidas em
1970, considerando informações sobre se tinham sido
alimentadas ao peito e se os seus pais se tinham
divorciado ou separado, obtidas aquando do
nascimento, aos cinco e aos 10 anos.
Aos 10 anos de idade da criança,
os seus professores responderam a um questionário
atribuindo um nível à ansiedade dos alunos.
Os investigadores do Instituto
Karolinska de Estocolmo descobriram que a
amamentação tem efeitos benéficos mesmo nos casos em
que as crianças amamentadas têm mães jovens ou
depressivas e sejam oriundas de classe
sócio-económica baixa, padrões associados aos níveis
mais elevados de ansiedade.
O impacto positivo da amamentação
no stress ocorreu mesmo quando as mães amamentaram
apenas algumas semanas.
«Estas crianças eram ainda
demasiado novas para estarem expostas a altos níveis
de stress e, em teoria, se não experimentassem a
separação ou o divórcio, todas teriam níveis
similares de ansiedade, mas as crianças amamentadas
tinham reservas de resistência escondidas», disse
Scott Montgomery, o epidemiologista que conduziu a
pesquisa.
«Descobrimos que as crianças
não-amamentadas tinham mais nove vezes de
probabilidade de se stressarem com um divórcio,
enquanto o grupo dos amamentados apresentava apenas
duas vezes mais de probabilidade de serem stressados»,
acrescentou.
A Semana Mundial do Aleitamento
Materno, que decorre desde terça-feira até 7 de
Agosto por iniciativa da Organização Mundial de
Saúde (OMS), pretende alertar para a importância da
amamentação e promover a sua prática pelo menos até
aos seis meses de vida do bebé.