Portugal Diário - 4 Ago 06

Bebés que mamam são menos stressados

 

Crianças alimentadas ao peito estão mais preparadas para lidar com problemas, diz estudo

Os bebés que foram amamentados com leite materno lidam melhor com o stress na sua vida futura do que os alimentados ao biberão, revela um estudo de investigadores do Instituto Karolinska de Estocolmo. A notícia é adiantada pela Agência Lusa.

Os cientistas estudaram um grupo de nove milhões de crianças para determinar se aqueles que foram amamentados eram ou não emocionalmente mais resistentes, usando como «factor padrão» de stress a separação ou divórcio dos pais, considerado pelos especialistas como uma das piores situações com que a criança se pode confrontar.

O estudo concluiu as crianças que foram alimentadas ao peito estavam mais preparadas para lidar com este problema do que as outras, mostrando ser «significantemente menos ansiosas».

Em caso de divórcio ou separação dos pais, as crianças amamentadas tinham probabilidades de serem quase duas vezes mais ansiosas do que aquelas cujos pais permaneciam juntos.

No caso das crianças que foram alimentadas com o biberão, as probabilidades de serem altamente ansiosas em caso de divórcio dos pais, em comparação com aquelas cujos pais permaneciam casados, subia para nove.

Os investigadores estimam que as crianças alimentadas ao peito sejam 10 por cento menos «stressadas» do que as não-alimentadas com leite materno.

Os resultados, publicados no BMJ Journal - Archives of Disease in Child hood, foram baseados numa amostra de 9.000 crianças nascidas em 1970, considerando informações sobre se tinham sido alimentadas ao peito e se os seus pais se tinham divorciado ou separado, obtidas aquando do nascimento, aos cinco e aos 10 anos.

Aos 10 anos de idade da criança, os seus professores responderam a um questionário atribuindo um nível à ansiedade dos alunos.

Os investigadores do Instituto Karolinska de Estocolmo descobriram que a amamentação tem efeitos benéficos mesmo nos casos em que as crianças amamentadas têm mães jovens ou depressivas e sejam oriundas de classe sócio-económica baixa, padrões associados aos níveis mais elevados de ansiedade.

O impacto positivo da amamentação no stress ocorreu mesmo quando as mães amamentaram apenas algumas semanas.

«Estas crianças eram ainda demasiado novas para estarem expostas a altos níveis de stress e, em teoria, se não experimentassem a separação ou o divórcio, todas teriam níveis similares de ansiedade, mas as crianças amamentadas tinham reservas de resistência escondidas», disse Scott Montgomery, o epidemiologista que conduziu a pesquisa.

«Descobrimos que as crianças não-amamentadas tinham mais nove vezes de probabilidade de se stressarem com um divórcio, enquanto o grupo dos amamentados apresentava apenas duas vezes mais de probabilidade de serem stressados», acrescentou.

A Semana Mundial do Aleitamento Materno, que decorre desde terça-feira até 7 de Agosto por iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), pretende alertar para a importância da amamentação e promover a sua prática pelo menos até aos seis meses de vida do bebé.