Público - 05 Ago 03

Lynce Diz Que "Há Indivíduos a Ingressar no Superior Que Demonstram Incompetência"
Por I.L.

"A situação não me agrada. De tal maneira que já saiu um decreto-lei [imposição da nota mínima de 9,5 valores a partir de 2005] que permite ultrapassá-la. E espero que este alerta também possa ter alguma utilidade, de modo a que os alunos se possam preparar melhor e para que de futuro isto não volte a acontecer". É esta a reacção do ministro da Ciência e do Ensino Superior, Pedro Lynce, em relação a algumas notas muito mínimas nas provas de ingresso (exames nacionais), fixadas por algumas instituições de ensino superior.

Para o concurso nacional de acesso ao ensino superior deste ano, uma em cada três instituições de ensino particular e cooperativo admitiu, logo à partida, aceitar alunos com classificações entre 0 e 1 (numa escala até 20 valores). Agora, com a divulgação das notas nas provas do 12º ano, ficou a saber-se que, mesmo no sistema superior público, existem casos onde os níveis de exigência são bastante baixos. Há universidades que abrem as portas a candidatos que tiveram notas, na 2ª chamada dos exames nacionais de Matemática e de Física, na ordem dos 4 valores. Mesmo em cursos de formação de futuros professores destas áreas.

Pedro Lynce não tem dúvidas: "Neste momento há indivíduos a ingressar no ensino superior que demonstram, logo à partida, incompetência. Acho que isto é pior para os jovens do que se fossem encaminhados para um rumo no qual teriam maiores possibilidades de êxito".

Para o ministro, esta é uma situação que tem de ser corrigida. A solução passará pela criação de "vias alternativas" às licenciaturas, como os cursos de especialização tecnológica (CET). "Em princípio serão formações com uma exigência menor em termos de conhecimento teórico, mas que vão sempre permitir a transição entre sistemas".

A verdade é que as instituições de ensino superior terão mesmo de proporcionar outras ofertas, a outros públicos, se quiserem continuar a manter o actual número de alunos actual. A imposição de uma nota mínima de 9,5 valores nas provas de ingresso para todos os cursos do superior só entrará em vigor em 2005; mas, caso tivesse sido aplicada na 1ª fase do concurso do ano passado, teria deixado de fora, só no sistema público, cinco mil alunos que foram colocados.

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