A
contestação à criação de embriões humanos, para
fins exclusivos de investigação laboratorial,
uniu as cúpulas das Conferências Episcopais de
Portugal e Espanha, que terça-feira e hoje
reuniram em Fátima.
Quer
em Espanha, quer em Portugal, é aguardada a
aprovação pelos respectivos parlamentos de
legislação referente à reprodução humana
artificial, e nos dois países a Igreja Católica
contesta a criação dos embriões «como objecto».
Em
Portugal, movimentos de defesa da vida, com o
apoio da Igreja Católica, recolhem assinaturas
para levarem o Parlamento a discutir a
possibilidade de realização de um referendo
sobre o assunto.
Em
concreto, querem que os portugueses digam se
concordam que «a lei permita a criação de
embriões humanos em número superior àquele que
deva ser transferido para a mãe, imediatamente e
de uma só vez» e se aceitam que a lei permita «a
geração de um filho sem um pai e uma mãe
biológicos unidos entre si por uma relação
estável».
Outra
questão que os promotores do abaixo-assinado
querem ver contemplada no referendo é sobre se
os portugueses estão de acordo que a lei «admita
o recurso à maternidade de substituição,
permitindo a gestação no útero de uma mulher de
um filho que não é biologicamente seu».
Em
Espanha, a Conferência Episcopal aprovou no
final de Março uma posição sobre o tema, na
qual, segundo Juan Martinez Camino, porta-voz
daquela estrutura, contesta «a concepção do
embrião humano como objecto, que pode servir
para uma coisa ou outra».
«A
reprodução assistida quebra as relações entre
gerações, entre pais, filhos e irmãos», disse
Martinez Camino, em Fátima, no final do Encontro
das Pre sidências Episcopais de Espanha e
Portugal, acrescentando que se está perante um a
questão «de justiça inter-geracional».