Portugal Diário - 19 Abr 06

Bispos contra criação de «embriões-objecto»

 

Igreja Católica defende a realização de um referendo sobre o assunto

A contestação à criação de embriões humanos, para fins exclusivos de investigação laboratorial, uniu as cúpulas das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha, que terça-feira e hoje reuniram em Fátima.

Quer em Espanha, quer em Portugal, é aguardada a aprovação pelos respectivos parlamentos de legislação referente à reprodução humana artificial, e nos dois países a Igreja Católica contesta a criação dos embriões «como objecto».

Em Portugal, movimentos de defesa da vida, com o apoio da Igreja Católica, recolhem assinaturas para levarem o Parlamento a discutir a possibilidade de realização de um referendo sobre o assunto.

Em concreto, querem que os portugueses digam se concordam que «a lei permita a criação de embriões humanos em número superior àquele que deva ser transferido para a mãe, imediatamente e de uma só vez» e se aceitam que a lei permita «a geração de um filho sem um pai e uma mãe biológicos unidos entre si por uma relação estável».

Outra questão que os promotores do abaixo-assinado querem ver contemplada no referendo é sobre se os portugueses estão de acordo que a lei «admita o recurso à maternidade de substituição, permitindo a gestação no útero de uma mulher de um filho que não é biologicamente seu».

Em Espanha, a Conferência Episcopal aprovou no final de Março uma posição sobre o tema, na qual, segundo Juan Martinez Camino, porta-voz daquela estrutura, contesta «a concepção do embrião humano como objecto, que pode servir para uma coisa ou outra».

«A reprodução assistida quebra as relações entre gerações, entre pais, filhos e irmãos», disse Martinez Camino, em Fátima, no final do Encontro das Pre sidências Episcopais de Espanha e Portugal, acrescentando que se está perante um a questão «de justiça inter-geracional».