Casamento homossexual
é agressão cultural ao matrimónio
Bispos de Portugal e
Espanha apelam para defesa da verdade da natureza
humana
A recente aprovação de casamentos homossexuais, na
Espanha, foi tema de reflexão entre os presidentes
das Conferências Episcopais de Portugal e Espanha,
no Encontro realizado, ontem e hoje, no Santúario de
Fátima. Sobre este facto os bispos referem, em
comunicado final, que “a agressão cultural ao
conceito matrimónio que acontece em Espanha,
apresentada como se fosse um avanço e uma conquista
da humanidade exige um trabalho pastoral de
esclarecimento fundamental da perspectiva cristã e
uma clara defesa da verdade da natureza humana”.
Também em cima da mesa, esteve a aprovação do
Decreto-Lei que legisla a Procriação Medicamente
Assistida (PMA), em discussão nos dois países, e que
é motivo de preocupação comum para os responsáveis
das Conferências Episcopais. Neste Encontro os
presidentes das duas Conferências Episcopais
partilharam uma preocupação comum, e segundo o mesmo
comunicado final, foram partilhados “documentos e
argumentos éticos para estabelecer limites e
denunciar práticas injustas que as leis facultarão”.
Em conferência de Imprensa, no final do Encontro, o
Secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola
(CEE), Pe. Juan António Martinez Camino, sublinhou
que a Igreja é desfavorável à reprodução humana
artificial porque “vai contra o direito fundamental
à vida”, salientando que a Igreja não concorda com a
concepção do embrião “como objecto e não como um ser
com direitos inalienáveis”. Estando Portugal e
Espanha a aguardar lei relativa a esta matéria, o
Porta-voz da CEE considera que as normas propostas,
e em análise, “não estão pensadas do ponto das
crianças produzidas em laboratório, mas do ponto de
vista dos laboratórios”. “Não é um problema de ética
sexual, mas um problema de justiça inter-geracional,
das relações entre pais e filhos e entre irmãos”,
frisa o P. Juan António Camino, vincando que o que
está em causa é “uma quebra das relações de
paternidade, maternidade e fraternidade”, o que a
Igreja não aceita.
Os bispos manifestaram ainda preocupação quanto ao
ensino de religião e moral católica existente nos
dois países, reconhecendo “a importância da Escola
Católica para que os pais possam cumprir a missão
que lhes é própria”, referem em comunicado.
Inserido no habitual ritmo de reuniões bienais dos
dois episcopados, o Encontro das presidências da
Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e da
Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) visa o
intercâmbio de experiências e de reflexões, a
comunhão de inquietações e a partilha de projectos.
Participaram na reunião o Presidente da CEE, Ricardo
Blázquez Pérez, Bispo de Bilbao e o Presidente da
CEP, Jorge Ferreira da Costa Ortiga, Arcebispo de
Braga, o vice-presidente da CEP, António Montes
Moreira, Bispo de Bragança-Miranda, o secretário
geral da CEP, Carlos Moreira Azevedo, Bispo auxiliar
de Lisboa e o Secretário geral da CEE, P. Juan
António Martinez Camino. A última reunião tinha tido
lugar em Madrid em Janeiro de 2004.