Público - 28 Abr 05
Gago quer mestrados com preços semelhantes aos das licenciaturas
Bárbara Wong
Proposta de alteração à Lei de Bases do Sistema Educativo é hoje
discutida em Conselho de Ministros
O ministro que tutela o ensino superior, Mariano
Gago, defende que os alunos não devem ser prejudicados em caso de
quererem prosseguir os seus estudos e fazer um mestrado.
Actualmente, o Estado já suporta uma parte do custo desta formação,
mas, com a aplicação da declaração de Bolonha ao ensino superior,
esse ciclo de ensino poderá ficar ao alcance de mais interessados,
defende o governante. Para isso, será necessário aproximar os preços
aos das licenciaturas. A proposta de alteração à Lei de Bases do
Sistema Educativo, que prevê poder modificar a lei de financiamento,
é hoje discutida em Conselho de Ministros.
Na proposta, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
defende a mudança da organização dos graus académicos e diplomas do
ensino superior, de maneira a introduzir o processo de Bolonha - que
procura harmonizar, até 2010, o ensino superior em 40 países
europeus, de maneira a promover a mobilidade de professores e
alunos, bem como a melhorar a qualidade das formações.
Bolonha prevê a criação de três graus de formação que a proposta de
alteração à lei contempla: licenciatura, mestrado e doutoramento. A
licenciatura será de três a quatro anos; o mestrado poderá ser de um
a três anos. As universidades são livres de fixar a duração do
doutoramento, declara Mariano Gago ao PÚBLICO.
Como existem licenciaturas que estão associadas a directivas
europeias, como é o caso de Medicina ou de Arquitectura, e outras em
que há uma "prática consolidada de pelo menos cinco anos de formação
na União Europeia" - algumas engenharias -, o ministério prevê a
criação do chamado "mestrado integrado", explica Gago. Assim, quando
o estudante se inscreve, já sabe que só terminará depois de
concluído o mestrado.
O Estado compromete-se a pagar tanto estes casos como os de
mestrados que são absolutamente necessários para o exercício de uma
profissão. Actualmente, são financiados entre 80 e 90 por cento dos
cursos de licenciatura e também o primeiro ano dos mestrados, embora
estes possam ter preços entre os 300 e os 3000 euros. Por isso, o
ministério quer "limitar" e regular por lei a fixação das propinas
dos mestrados.
Ao regular o preço dos mestrados, o Estado deverá aumentar o
financiamento a este nível de ensino, porque não financia apenas o
primeiro ano, mas a sua totalidade. Bolonha incentiva a que mais
alunos prossigam a formação. Por isso, mais estudantes serão
financiados. "Vamos criar uma situação praticamente idêntica à das
licenciaturas de hoje em dia", diz o ministro.
A proposta de alteração à lei de bases propõe ainda a abertura das
instituições de ensino superior a novos públicos, nomeadamente a
quem já está no mercado de trabalho. Caberá às escolas definir os
critérios de admissão desses alunos e ao Estado adequar mecanismos
de apoio, que passam por mais financiamento. |