Diário de Notícias - 7 Abr 04
Um tutor em cada escola a partir do próximo ano
JOÃO PEDRO OLIVEIRA MARIA JOSÉ MARGARIDO
A partir de 2005, cada escola do 1.º e 2.º ciclos do ensino básico
terá um tutor encarregue de identificar e acompanhar crianças que
evidenciem elevado risco de abandono dos estudos. Esta é uma das
medidas essenciais anunciadas no Plano Nacional de Prevenção do
Abandono Escolar (PNAPAE), elaborado em conjunto pelos ministérios
da Educação e da Segurança Social e do Trabalho, que foi ontem
anunciado por Durão Barroso e será hoje apresentado por David
Justino e Bagão Félix.
Entre as medidas a adoptar neste combate conta-se ainda a
duplicação, até 2010, do número de vagas para alunos do ensino
profissional e tecnológico de nível secundário, um plano de ensino
do Português para filhos de imigrantes ao longo dos 12 anos de
escolaridade - a implementar a partir do próximo ano - e o reforço
das horas lectivas da disciplina de Matemática em todo o ensino
básico.
Sob o lema Eu não desisto, as duas tutelas criaram os instrumentos
considerados essenciais para atingir o objectivo central: reduzir
para menos de metade, até 2010, os índices de abandono. «Uma meta
ambiciosa, mas indispensável», garante Durão Barroso.
A aposta no ensino profissional, uma das linhas centrais deste
plano, prevê, além do aumento das vagas - «a um ritmo desejável de
10% ao ano -, o alargamento da oferta de cursos profissionalmente
qualificantes (do chamado nível II) que, a partir do ano lectivo
2005-2006, estarão ao alcance de todos os alunos maiores de 14 anos.
Quanto à figura do tutor escolar - que será assumida por um
professor e generalizada a todas as escolas do 3.º ciclo e ensino
secundário até 2006 -, trabalhará em articulação com os novos
Centros de Apoio Social Escolar (CASE), cuja criação se encontra
prevista no ante-projecto de decreto-lei sobre a Educação Especial e
o Apoio Socio-Educativo. Aos CASE será ainda pedido que trabalhem em
articulação com as equipas do Programa para a Prevenção e Eliminação
da Exploração do Trabalho Infantil (PEETI), tutelado pelo ministério
de Bagão Félix.
Para especial acompanhamento dos casos de risco prevê-se a
dinamização de programas alternativos de formação, «especificamente
dirigidos aos que revelam insucesso», particularmente no 2.ºciclo do
básico, em áreas como as Tecnologias de Informação e Comunicação.
Medidas que serão acompanhadas por um outro programa de formação,
este destinado a professores, centrado nas temáticas da educação
para o risco, do abandono escolar e da gestão comportamental em sala
de aula. Para todas estas medidas, o calendário é 2005.
RECUPERAR PÚBLICOS. Mais que evitar o abandono, o PNAPAE quer também
recuperar para escola os que dela já desistiram. Nesse sentido,
anuncia-se uma campanha de sensibilização para o retorno de jovens,
em especial daqueles que deixaram o 9.º ou o 12.º anos incompletos.
Mas não só. Até 2006, as tutelas pretendem instalar 84 Centros de
Reconhecimento Validação e Certificação de Competências (RVCC) no
continente e ilhas, nos quais se espera a inscrição de 250 mil
adultos. O objectivo passa por certificar os conhecimentos informais
de 50 mil portugueses. Para tal, será criado até 2006 o referencial
de equivalências destes conhecimentos ao ensino secundário.
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