PortugalDiário - 4 Abr 03
Pílula aumenta risco de cancro do útero
PD
Mais de metade das mulheres portuguesas pode estar sujeita a este perigo
As mulheres que tomam a pílula durante um longo período de tempo aumentam o
risco de contrair cancro do colo do útero, perigo a que poderá estar
sujeita mais de metade da população feminina portuguesa.
Um estudo publicado hoje na revista médica britânica Lancet conclui que, nas
mulheres que recorrem a este contraceptivo durante um período entre cinco
e nove anos o risco aumenta cerca de 60 por cento,
enquanto nas que o utilizam durante menos de cinco anos
têm 10 por cento de perigo.
O perigo de contrair a doença duplica no caso das mulheres que tomam a
pílula durante mais de dez anos.
Segundo dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Estatística no âmbito do
«Inquérito à Fecundidade e Família», referentes a 1997, a pílula foi o
primeiro método contraceptivo mais utilizado por todas as gerações de
mulheres inquiridas, tendo sido adoptado por cerca de 60 por cento em
termos totais.
A percentagem de utilizadoras sobe para os 70 por cento entre os 20 e os 34
anos.
O trabalho publicado hoje na Lancet recolheu dados de 12.400 mulheres com
cancro cervical em 24 países de todo o mundo, demonstrando uma estreita
relação entre esse tipo de tumor e o tempo de consumo do contraceptivo.
Os autores da investigação assinalaram que continua por esclarecer se o
perigo se mantém assim que se deixa de tomar a pílula.
«As implicações desta investigação sobre a saúde dependem em grande medida
do facto de se saber se o risco permanece depois de se ter deixado de
tomar a pílula, algo sobre o qual ainda não temos dados»,
afirmou Amy Berrington, da Unidade de Epidemiologia do
hospital Radcliffe, em Oxford.
Berrington indicou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou uma
investigação para responder a estas e outras questões.
A investigação foi levada a cabo pela organização «Cancer Research», do
Reino Unido, juntamente com a Agencia Internacional «Cancer Research» em
França.
A principal causa do cancro cervical é o papiloma humano, um vírus que se
transmite sexualmente e que aparece em 99 por cento dos casos estudados.
De qualquer forma, outros factores como a pílula poderão contribuir para que
este vírus desenvolva o cancro do colo do útero.
Estudos anteriores tinham assinalado que a pílula aumenta o risco de cancro
do peito, apesar de actuar de forma positiva no dos ovários.

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