As Mulheres merecem melhor!
Resposta aos defensores do aborto que tem a falsa intenção de "ajudar as mulheres"

            

A Associação Mulheres em Acção que tem por objecto social lutar contra todas as formas de discriminação entre homens e mulheres toma  posição sobre a possibilidade de um novo referendo em matéria do Aborto.

1) São duas as vítimas da liberalização do aborto: o bebé e a sua mãe. A mulher é atingida no mais fundo do seu ser, do ponto de vista físico e psicológico. E hoje sabemos melhor do que nunca quão destrutoras e dilacerantes são essas feridas: o síndroma pós-aborto; os riscos acrescidos de contracção do cancro da mama; os riscos de ficar estéril; a escondida insegurança do aborto legal; o envenenamento da intimidade conjugal, da sua afectividade e sexualidade, e da vida familiar, etc.
 Portanto, é ultrajante esta tentativa de instrumentalizar a mulher para promover o aborto.

2)    Os argumentos a favor de um novo referendo são muito frágeis e, neste caso, soam a falso: é evidente que, se o resultado do referendo de Junho de 1998 tivesse sido o inverso, os grandes promotores do aborto teriam dado o  assunto como adquirido, encerrado e irreversível.

3)    A insistência na liberalização do aborto é, claramente, uma obsessão ideológica dos seus promotores. Não se trata, infelizmente, de uma genuína preocupação pela saúde das mulheres e dos seus filhos: toda a gente sabe que os movimentos favoráveis ao “Sim” no último referendo não se mexeram muito, depois disso, - nem antes -  para ajudar as mães em situação difícil, ao contrário do que fizeram os movimentos favoráveis à Mulher e à Vida.

4)    Aliás, a impaciência colocada nesta campanha de promoção de um novo referendo, sem esperar sequer pelos resultados do estudo que visa conhecer a realidade da prática do aborto em Portugal, proposto recentemente por deputados do PS, desmascara a pretendida preocupação pela necessidade de avaliar a dimensão dessa chaga, para melhor a combater. Agora se vê que a realidade não lhes interessa muito: a proposta de realização do estudo estava viciada à partida; não era senão  parte da sua estratégia de liberalização do aborto e manifestação da mesma fixação ideológica.

5)  No entanto, no caso de se vir a discutir  a realização de nova consulta popular sobre a matéria, pretendendo alterar a lei no sentido da liberalização, reivindicamos que se admita também a possibilidade de alteração no sentido contrário (o da restrição), alargando o campo de escolha. Isto é, propomos que seja também posta em causa e sujeita a referendo a lei presentemente em vigor (de 1984, retocada em 1997), questionando os portugueses sobre o dever da sociedade de proteger a vida humana e a saúde mulher.

6)    Trata-se de uma questão de princípio e de coerência: a inviolabilidade da vida humana inocente e o valor fundamental da dignidade humana não admitem excepções e aplicam-se a todos os seres humanos, com 5, 10, 15 semanas, ou com 90 anos e moribundos, desejados ou não , deficientes, saudáveis ou decrépitos. Em caso contrário, abre-se a porta a novas agressões a esse direito fundamental e foi isso o que aconteceu: primeiro, era apenas o aborto eugénico, terapêutico e em caso de violação; depois, seria o aborto livre e gratuito até às 10 semanas; agora seria até às 12 semanas; no futuro, porquê parar aí ? De facto, se não se considera  que a vida humana inocente é inviolável, sempre, então não haverá outros limites que os dos consensos de ocasião, e a consequência será a facilitação progressiva da eliminação da vida nascente (ou terminal, por via da eutanásia), de acordo com as conveniências fúteis dos mais fortes (como aconteceu noutros países). A lei de 1984/97 é essa porta aberta.

7)    Por outro lado, há novas razões para fechar agora essa porta:

i)    A prática do aborto está em fase de crise e refluxo em vários dos países que experimentaram primeiro essa via. Está a emergir uma nova sensibilidade e visão sobre o assunto: iniciativas de programas públicos de seguros infantis visando a cobertura de cuidados pré-natais (assumindo, portanto, os direitos do feto aos cuidados de saúde pública); admissão da recusa, por parte das companhias de seguros, em cobrir as operações de aborto; médicos ex-praticantes do aborto que se recusam agora a realizá-lo; mulheres que abortaram que manifestam a sua oposição a essa prática, etc.

ii)  
 Os progressos da genética, da embriologia, da fetologia e da medicina pré-natal, em geral, tornaram cada vez mais evidente a natureza humana do não nascido – que é visível e registável.

iii)    Tem-se vindo a constatar que a liberalização do aborto não resolve problema nenhum. Pelo contrário, agrava e traumatiza, mais ainda, a mulher e inibe os esforços para ir à raiz dos problemas e para promover as verdadeiras soluções: o apoio às famílias, à maternidade, à infância, às mãe sozinhas, aos deficientes, etc. Trata-se uma questão de justiça social: no cenário da liberalização do aborto, o que se oferece às mulheres pobres é o aborto.

iv)    Por último, a questão do respeito pela vida humana é vital para a conformação da paisagem moral e civilizacional do século XXI: a legalização do aborto, reconhecendo o direito de alguns a poder violar o fundamental direito à vida de outros, contradiz o ideal democrático e mina as próprias bases do Estado de Direito. Aceitando que se violem os direitos do mais débil, contribui-se  para a destruição das fibras éticas da sociedade, para a falta de solidariedade e de respeito pelo outro, para a violência latente e para a “banalidade do mal”.

As Mulheres merecem melhor!
 

Mulheres em Acção – Associação

 

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