A importância que uma
lei da Procriação Medicamente Assistida (PMA) tem é
bem expressa no facto de na Assembleia da República
terem sido apresentados quatro projectos de lei (PS,
PSD, PCP e BE) sobre esta matéria.
Estão em causa
questões que científica e eticamente determinam um
tempo e uma civilização. Na lei da Procriação
Medicamente Assistida decide-se, em concreto, da
dignidade da vida humana, sobre a vida de embriões
chamados “excedentários”, clonagens, sobre a
congelação e uso de embriões para experimentação, da
vida de crianças deliberadamente criadas por um só
progenitor, sobre fecundação “post morten” e
a reprodução fora do casal (chamada de heteróloga),
sobre as vulgarmente denominadas “barrigas de
aluguer”, o direito à identidade genética ou o
sigilo deste, e tantas outras questões.
Por toda a Europa e em
grande parte do Continente Americano tais questões
têm sido objecto de amplo debate público, com grande
número de Referendos já realizados.
Sobre estas questões e
por todo o mundo, a comunidade científica, ética e
jurídica tem produzido uma vasta reflexão.
Em Portugal
verifica-se com preocupação a ausência de lei que
regule a PMA. Mas ainda com maior preocupação a esta
situação, a que assistimos, de ausência de debate
sobre os projectos de lei acima referidos, ao
alheamento para que a opinião pública e os médias
são empurrados, ao debate parlamentar
deliberadamente desvalorizado, ao desconhecimento
que a comunidade científica tem destes projectos, e,
pior ainda, ao desconhecimento que os portugueses
têm do que se está a decidir no parlamento.
O debate sério e amplo
é seguramente um imperativo civilizacional e de
cidadania.
Muitas são as vozes
que a nível internacional se levantam a negar
“legitimidade” aos parlamentos para sozinhos
decidirem sobre estas matérias – está em causa uma
decisão sobre a essência do homem, a sua ontologia.
Nas últimas eleições para a Assembleia da República
nenhum partido político trouxe ao debate estas
matérias e por isso nenhum deles está autorizado a
decidir sobre elas.
O povo português tem o
direito a que lhe seja reconhecida a maturidade
política e democrática que, nestes mais de trinta
anos, soube honrar.
Vastos sectores da
sociedade civil, membros da comunidade científica,
líderes das diferentes comunidades religiosas,
autoridades locais, reputados fazedores de opinião e
académicos, que a Federação e as suas associadas, de
norte a sul do país, têm consultado, pugnam por um
debate alargado, claro e esclarecedor que a final
consubstancie uma consulta directa ao povo
português.
Estão em causa
decisões graves que no nosso entender atentam contra
a dignidade da vida humana.
Por isso, a
Federação Portuguesa pela Vida não pode deixar
de, neste momento civilizacional dramático da vida
política:
1º - Reprovar a
forma como está a ser conduzida a decisão sobre uma
lei da PMA e a obscuridade a que a mesma está
remetida.
2º - Alertar o
país, em especial através da comunicação social até
agora pouco atenta ou presente, para a necessidade
do esclarecimento e debate público alargado.
3º - Demonstrar
a necessidade e o empenho para que seja de facto
levado ate ao fim o processo legislativo da lei da
PMA.
4º - Apelar aos
centros de decisão política e em especial a todos os
deputados à Assembleia da República para que seja
promovida de forma democrática este debate, tendo em
atenção a identidade do povo português e os limites
que em termos de consciência política se hão-de
observar.
5º - Declarar
que, não se preenchendo as circunstâncias políticas
e parlamentares adequadas à elaboração de uma
legislação que (no seguimento das mais recentes e
modernas na Europa) consagre os princípios básicos
de respeito pela Vida e Dignidade Humanas, se
encontra disponível para, de uma forma transparente
e leal, com as entidades que comunguem desta
preocupação, promover os mecanismos jurídica e
politicamente necessários à submissão a Referendo da
Lei que vier a ser aprovada pela Assembleia da
República.
A
Federação Portuguesa pela Vida