Neste dia, 1
de Junho, Celebra-se o Dia Internacional da Criança. É um dia em que,
certamente, irá haver muitos discursos, alguns bem elaborados do ponte vista
dialéctico, mas vazios de conteúdo e ocos na sua prática. Atrevomo-nos a
afirmar que este dia deveria ter como subtítulo “o dia do futuro das
sociedades”. Sim! Porque é do futuro de uma sociedade que se trata quando
falamos de crianças. É, de facto, sobre isto que todos devemos reflectir,
inquietarmo-nos com o futuro que estamos a preparar para a nossa sociedade
quando, no dia a dia, descoramos das nossas crianças.
Tal como se
diz, e em nossa opinião correctamente, que a família é a célula base da
sociedade, as crianças são o seu ADN. É nelas que reside todo o potencial de
crescimento e evolução de uma sociedade. Esta será no futuro aquilo que hoje
fizermos das nossas crianças. É nesta perspectiva que devemos olhar para
elas e defende-las de todas as provações que nos nossos tempos lhes são
infligidas.
Não deixará
de ser curioso observar a discrepância entre aquilo que neste dia é
apregoado e defendido pelos líderes políticos e o que realmente vem sendo a
prática política quotidiana daqueles a quem compete implementar e zelar pelo
bom desenvolvimento das sociedades. Muito se tem falado sobre os direitos
das crianças. A própria ONU elaborou uma carta sobre os direitos da criança,
no entanto, enquanto escrevemos ou lemos estas palavras e os líderes das
nações debitam discursos rebuscados, no mundo inteiro milhões de crianças:
• são
exploradas sexualmente;
• são forçadas
em trabalhos perigosos;
• são vítimas
num conflito armado;
• são forçadas
a abandonar a escola e a ingressar nas fileiras militares
• são
agredidas por adultos;
• são
infectadas com o HIV ou ficam órfãs por causa dessa doença.
Isto são
factos de todos conhecidos, apesar disso, há tantos momentos em que tenho a
firme convicção de que, a troco de interesses económicos e políticos se
fecham os olhos ou se vira a cara para lado. São actos de que todos nós nos
devemos envergonhar e não podemos calar a nossa voz enquanto outros fecham
os olhos.
Entre nós
atravessamos momento inquietantes, particularmente difíceis para as crianças
que estão na sua fase de desenvolvimento e crescimento intelectual. Vivemos,
em nome de uma cultura do politicamente correcto ou em nome de correntes
ideológicas com visibilidade mediática, que no fundo não têm outro objectivo
que não seja desestabilizar e desestruturar a nossa sociedade, uma cultura
de educação sexual baseadas na clarificação de valores que levará, bem mais
cedo do se pensa, à destruição moral e intelectual da nossa sociedade. Isto
é tanto mais preocupante quanto se sabe, é dito pelos próprios autores dessa
corrente filosófica, que os efeitos dessa experiência, noutros países, foi
um verdadeiro cataclismo.
São dias,
ainda, particularmente difíceis para as crianças que no nosso país são
violentadas, física e moralmente, sofrem violações, abusos sexuais e o
abandono pelos próprios pais. São, também, dias difíceis para os nascituros
que se encontram numa fase de desenvolvimento embrionário e aos quais não
lhes querem reconhecer o seu direito à vida. São dias difíceis, sem dúvida,
momentos para que a sociedade pare para pensar, alguns minutos que seja,
faça uma introspecção e se interrogue se tem o direito de ficar calada
deixando as coisas levar esse rumo.
Hoje! Muitos
levantarão a voz em nome das crianças mas, são exactamente os mesmo que lhes
negam o direito a serem educados numa escola que, acima de tudo, as eduque
para vida, com padrões morais éticos assentes na primazia da cultura da vida
com responsabilidade. São os mesmos que lhes querem incutir a cultura da
permissividade e da educação sexual vergonhosa de que nestes últimos dias
tanto se tem falado.
São os
mesmos que lhes negam o direito a não serem filhos de pai incógnito e lhes
colocam entraves burocráticos a serem adoptadas por famílias que realmente
as acarinhem e lhes dêem o lar a que cada criança tem direito.
São os
mesmos que em nome do lucro lhes negam o direito de crescerem numa sociedade
livre da violência dos média. Os meios de comunicação audiovisuais devem,
como parte integrante de uma sociedade que se pretende sadia e bem formada,
contribuir com informação de qualidade para as crianças e os adolescentes,
incentivando os adultos a construir uma comunidade de protecção para cada
criança.
Todos os adultos, famílias, amigos e vizinhos,
devem participar na criação de uma comunidade protegida destes e de outros
perigos. As crianças precisam ser educadas para entender como evitar
situações de risco e saber onde buscar ajuda e protecção, mas com princípios
morais e éticos. Com o devido apoio crianças e adolescentes podem contribuir
para a mudança do mundo à sua volta.