Nótulas  soltas da minha agenda...

Carlos Aguiar Gomes

 

1.     A Congregação para a Doutrina da Fé, em boa hora, publicou uma Nota Doutrinal sobre alguns dos mais sensíveis e actuais princípios que devem inspirar a intervenção política dos Católicos. São estes que, essencialmente, devem caracterizar a “animação cristã da ordem temporal” e onde não pode haver desvios ou interpretações feitas à medida do “politicamente correcto”. Este é um documento que deveria ser distribuído profundamente nas nossas comunidades e ... reflectida para aplicação. Não se pode deixar cair no esquecimento documento tão importante! Enquanto se aguarda a sua edição em formato de livro, quem o quiser ler/estudar já o pode fazer pois “O Diário do Minho” transcreveu-o na integra (Domingo, 03/01/19).

 

2.     Tomou posse, finalmente, a Coordenadora Nacional para os Assuntos da Família. Aguardo, com extrema curiosidade, o seu projecto de intervenção. Apesar de conhecer a legislação que vai regular a estrutura que Margarida Neto vai coordenar, não deixo de querer saber objectivamente como vai intervir na área da Família, uma área sempre adiada, esquecida/menosprezada pelos políticos.

 

Do Decreto-Lei 3/2003, de 7 de Janeiro p.p. que cria a referida organização governamental devo destacar dois pontos: um que me parece negativo –como pode funcionar bem um organismo que, para lá da Presidente, inclui 33 (trinta e três) membros? Não teria sido melhor dividir aquele em dois – Um Conselho que  incluiria os representantes das Organizações Não Governamentais representativas da família? O modelo anterior, em que participei na qualidade de Conselheiro, tinha uma composição muito semelhante e, por isso, tinha alguma dificuldade em funcionar (até em conseguir um espaço funcional!). O aspecto positivo do citado Decreto-Lei refere-se à criação do Observatório para os Assuntos da Família. Julgo, que se tiver meios, pode ser um excelente recurso para quem trabalha nas questões da Família.

 

Faço votos para que o governo tenha a coragem de ousar dotar esta estrutura de meios (humanos, técnicos e financeiros) para poder cumprir os objectivos (bons!) que se propõe. Se não lhe forem atribuídos recursos, então, o melhor teria sido não o terem criado. Pessoalmente, não quero crer que seja mais uma atitude de “show off”! Aguardo, pois, com grande expectativa o programa da Coordenadora Nacional para os Assuntos da Família. 

 

3.     Prometi voltar a referir-me ao livro “Reformar Portugal – 17 estratégias de mudança”(Coord. De Luis Valadares Tavares et allia, ed. Da “Oficina do livro”, Nov. 2002). Li-o com imensa curiosidade. E proveito. Permito-me destacar o texto de Acácio Catarino “Solidariedade e Segurança Social: da Exclusão à Integração”. Não posso deixar, também, passar em claro a participação de Luís Barbosa, “Cultura: uma visão horizontal”. Todos, os colaboradores são de excelência. Para quem se interessa por ver uma “luz ao fundo do túnel” em que nos encontramos, vale a pena ler/reflectir sobre todos e cada um dos textos. Logicamente que cada um de nós, pela sua sensibilidade, pode gostar mais de um do que de outro título. Creio, porém, que ninguém fica indiferente. Na realidade são apresentadas 17 estratégias de mudança. E o país precisa, urgentemente, de mudar. Mudar para melhor, sendo mais proactivo, inovador. Mexer. Deixar de ser um país de instalados e conservadores cristalizados.

 

4.     “Não deixa de ser perturbante o carácter brutal, sórdido e vexatório da maior parte das praxes. E para todos nós deve ser matéria de reflexão que as gerações que reinstituíram  esses rituais sejam as mesmas que nasceram e cresceram numa escola e numa sociedade que, com medo de serem acusadas de autoritarismo, tiveram e têm medo de exercer a autoridade”. (Helena Mota, in “Público” de 03.01.11). Subscrevo inteiramente a posição desta articulista.

 

Seria preciso ousar dizer aos jovens que entram no Ensino Superior que custam muito a todos os contribuintes. Que estão no século XXI. Que está aí a globalização, competitividade...