Comissão Episcopal da
Família
MENSAGEM ÀS FAMÍLIAS
Por ocasião da Festa da Sagrada Família
29 de Dezembro de 2002
Por ocasião da Festa da Sagrada Família, a Comissão Episcopal da Família
dirige, com amizade e esperança, esta mensagem às famílias cristãs e a todas
aquelas que connosco partilham na mesma convicção acerca da dignidade e da
missão da Família.
Criados à imagem e semelhança de Deus, os homens e mulheres, desde sempre,
só poderão realizar plenamente a sua vocação vivendo o amor que os une, e
imitando, com a ajuda da graça, a fonte do amor que é o próprio Deus. Num
tempo em que, não raro, se confunde o amor com um simples sentimento
passageiro e a alegria com o prazer momentâneo, é urgente voltarmos a olhar
para o modelo do amor, a fonte a partir da qual tudo foi feito.
Aproveitando o apelo do Santo Padre para uma mais constante contemplação do
Rosto de Cristo, é tempo para individualmente e em família, com o coração
disponível, olhar para Aquele que nos redime e introduz na plenitude do Amor
que é a Santíssima Trindade.
“Fixar os olhos no rosto de Cristo, reconhecer o seu mistério no caminho
ordinário e doloroso da sua humanidade, até perceber o brilho divino
definitivamente manifestado no Ressuscitado glorificado à direita do Pai, é
a tarefa de cada discípulo de Cristo; é também, por conseguinte, a nossa
tarefa. Contemplando este rosto, dispomo-nos a acolher o mistério da vida
trinitária, para experimentar sempre de novo o amor do Pai e gozar da
Alegria do Espírito Santo.” (RVM 9)
Para nos ajudar a esta contemplação, volta neste início de milénio o apelo
ao Rosário. Na Carta sobre o Rosário da Virgem Maria, ressoa a voz de Nossa
Senhora que em Fátima pedira para rezarmos o terço todos os dias. Sim, vale
a pena pegar no terço, entrar na “Escola de Nossa Senhora” e com ela
contemplar o Rosto de Cristo, procurando deste modo viver e amar como
Cristo.
Este itinerário adquire, neste momento, um especial relevo no que diz
respeito às famílias. Reforçar a oração familiar e concretamente a oração do
terço para com ele contemplar os Mistérios da Vida de Cristo, e rezar pela
família, tão ameaçada e confusa que anda, é um dos objectivos deste ano do
Rosário. “Oração pela paz, o Rosário foi desde sempre também oração da
família e pela família. Outrora, esta oração era particularmente amada
pelas famílias cristãs e favorecia certamente a sua união. É preciso não
deixar perder esta preciosa herança. Importa voltar a rezar em família e
pelas famílias, servindo-se ainda desta forma de oração.” (RVM 41).
No ano do Rosário, a festa da Sagrada Família, é, por isso, mais um
importante apelo. Sabemos das dificuldades pelas quais passam as famílias,
não só pelo pouco tempo que a sociedade moderna deixa para ocupações desta
índole, como também pelas ideias que veicula e que funcionam como
verdadeiras tentações que afastam de Deus e do Seu projecto. Chegou a altura
de cada família levantar os olhos para Deus e agir. Devemos defender a vida
dos inocentes, dos que ainda não nasceram, das crianças abandonadas ou
abusadas e dos idosos ou doentes mais fragilizados. É tempo para defender a
estabilidade das famílias: o bem dos filhos, sem dúvida os mais penalizados,
mas também o bem dos próprios cônjuges que na vitória sobre as dificuldades
descobrem um amor mais profundo. É a contracepção a qualquer preço, a
difusão da pornografia, uma educação sexual que prescinde do protagonismo
dos pais, as tendências de secularismo de toda a vida social e inclusive da
educação, a utilização dos meios de comunicação social como fonte de lucro
indiferente aos valores da vida e da família, são outras realidades
preocupantes.
Tudo isto torna evidente a urgência de procurarmos juntos construir uma
sociedade mais justa e consentânea com o projecto de Deus. Não serão as
dificuldades a travarem o Evangelho. Como escrevia S. Paulo aos Coríntios:
“Em tudo somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não
desesperados; perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não
aniquilados (...) animados do mesmo espírito de fé, conforme o que está
escrito: acreditei e por isso falei, também nós acreditamos e por
isso falamos” (cf 2Cor 4, 8.13).
Há, de facto, no meio de tantas dificuldades sinais de esperança, como
pudemos ver na grande peregrinação das famílias a Fátima no passado dia 13
de Outubro.
Sob a acção do Espírito Santo, atentos a todos esses sinais, surgirá um
tempo novo. “A família que reza unida o Rosário reproduz em certa medida o
clima da casa de Nazaré: põe Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias
e sofrimentos, colocam-se nas Suas mãos necessidades e projectos, e d’Ele se
recebe a esperança e a força para o caminho”. (RVM 41)
A Comissão Episcopal da Família deseja, neste tempo de esperança que é o
Natal, que as famílias acolham Jesus Cristo e se deixem por Ele renovar na
sua unidade e na sua missão.
Comissão Episcopal da Família
21 de Dezembro de 2002 |